Mulheres da Amazônia fazem ecoar seus direitos
Durante vários dias a Conferência das Nacões Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, discutiu os rumos sobre ações a serem tomadas para frear a degradação ambiental. O Acre teve participação ativa nos debates e nas propostas. As mulheres da Amazônia participaram com a condição de sujeitas e sujeitos da própria vida, de cidadãs e cidadãos das comunidades, de partícipes da natureza.
“Temos a consciência da nossa integração com a terra, a água, o ar o fogo e trazemos a convicção de que sem a mudança urgente de sentimento, de mentalidade e de atitude, não há como garantir o futuro da Amazônia, do Brasil e do Planeta. Também trazemos a certeza de que a sustentabilidade está intimamente ligada à ética, ao sagrado, que nos garante a integridade moral, física, emocional, mental, espiritual”, disse a secretária da SEPMulheres, Concita Maia, na mesa redonda sobre o protagonismo feminino na construção de políticas socioambientais na Amazônia, evento que encerrou a participação do Acre.
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva foi uma das participantes da mesa redonda. Ela citou um exemplo de como é possível manter as florestas. “As Reservas Extrativistas demonstraram que é possível ter desenvolvimento sem desmatamento. Com a maior parte de seu território preenchido por florestas, o Acre mostra que é possível ter uma floresta habitada, conservada e produtiva. Para isso, basta que haja comprometimento em desenvolver políticas públicas de Estado verdadeiramente sustentáveis. e nisso o Acre é referência”, disse Marina.
Marina lembrou ainda de onde surgiu o termo socioambientalismo. “O Socioambientalismo nasce conosco, na nossa região. É uma contribuição da Amazônia para o Brasil e para o mundo”, explicou.
No Acre houve discussões que antecederam a tudo isso onde as protagonistas compartilham da certeza de que sem a participação das mulheres não existe sustentabilidade da vida. De que não existe desenvolvimento sustentável sem o reconhecimento da importância fundamental da transversalidade de gênero na implementação das políticas públicas. “A mulher na Amazônia é um fenômeno não homogêneo: há mulheres com trajetórias de luta em âmbito nacional e internacional e há mulheres no interior da floresta, social e pessoalmente invisíveis. Faz-se necessário uma mudança cultural que liberte a mulher da atual condição de gênero em que se encontra, visibilizando-a e valorizando-a!” enfatizou Marina Silva.
A voz de todas as mulheres do Acre e da Amazônia ecoou na Rio+20 com garantias de sua autonomia social, ambiental, cultural e econômica. Garantias de igualdade de direitos nas diferenças existentes entre mulheres e homens, entre meninas e meninos, entre os jovens e as jovens. “O novo paradigma de desenvolvimento sustentável, que estamos buscando construir, requer necessariamente a inclusão efetiva das mulheres, por meio do acesso à educação, à terra, à tecnologia, ao saneamento básico, moradia, mundo do trabalho, à saúde, enfim em todos os aspectos da vida que correspondem ao exercício pleno da nossa dignidade e florestania”, enfatizou Concita Maia.
Uma amostra de que isso está em andamento são as ações realizadas pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres) voltadas às mulheres que moram em locais mais distantes. Nesse fim de semana, por exemplo, duas ações vão ser realizadas. Uma em Manoel Urbano, onde será repassado um carro para ajudar na Assessoria da Mulher do município e em Brasiléia e Assis Brasil onde haverá encontros com os grupos de mulheres para fazer planejamento e mostrar o plano de execução do projeto do Ministério do Desenvolvimento Agrário que destinou quase dois milhões de reais para a inclusão sócioprodutiva das mulheres do Acre.
As mulheres incluiram no documento final da Rio+20 que: O desenvolvimento sustentável deve ser um processo inclusivo e centrado nas pessoas, que beneficie e dê participação a todos, inclusive a jovens e crianças. Reconhecemos que a igualdade entre os gêneros e o empoderamento das mulheres são importantes para o desenvolvimento sustentável e para o nosso futuro. Reafirmamos nossos compromissos de assegurar à mulher igualdade de direitos, acesso e oportunidades de participação e de liderança na economia, na sociedade e nas decisões políticas.
Agora é olhar para frente, arregaçar as mangas e continuar na luta. “Nossa voz foi ouvida. Tudo o que temos a fazer a gora é continuar na missão de mostrar ao Acre a ao mundo que as mulheres da nossa floresta estão, uma a uma, em busca de seus direitos e de seus deveres como cidadãs. Agora é nossa hora de buscar e fazer valer esses direitos por uma Amazônia livre, soberana e feminina”. Finalizou Concita Maia
